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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Filhos: eles vêm, eles se vão...


Filhos: eles vêm, eles se vão...

O sábio Salomão no salmo 127 diz que filhos são herança do Senhor. Que coisa maravilhosa! Mas, ele vai mais além e diz que eles (os filhos) são como flechas nas mãos de um guerreiro. Por isso eram felizes os homens que enchiam deles (filhos) as suas aljavas.
Flechas são artefatos de combate que entesadas nos arcos são lançadas a grande distância pelo arqueiro. Pois, bem, geramos nossos filhos, criamos e educamos nossos filhos, mas, depois, entesamos nosso arco e os lançamos para a aventura da vida.
Deus, no seu infinito amor e graça nos concedeu (a mim e a Denise) duas filhas, que chamo de pérolas – Bianka e Lilian. É assim que as vejo: duas pérolas (pois é, antes de flechas, elas são pérolas). Duas bênçãos de Deus que vieram tornar o jardim do nosso lar mais florido e perfumado.  
Minha relação com Bibi e Lilinha (assim nós as chamamos carinhosamente desde pequenas) na infância, infelizmente, foi um pouco distante. Reconheço que fui um pai distante. Não digo ausente, mas distante. Os meus muitos afazeres profissionais e pastorais me distanciaram de minhas pérolas. Isto é algo que não perdôo. Gostaria de voltar no tempo e de aproveitar todos os momentos com minhas filhas com muita intensidade.
Quando elas estavam entrando na puberdade consegui me aproximar delas, pois neste tempo estava somente com o ministério pastoral (tinha deixado a carreira profissional). E, graças a Deus, creio que deu para recuperar um pouco do tempo perdido da infância. Conseguimos desenvolver uma relação de amizade transparente e sincera. Nossa relação sempre foi recheada de brincadeiras, conversas e amor sincero. E, deste modo, vi-as crescer, enfrentar suas dúvidas, lutas, angústias, e outros dramas, coisas inerentes àqueles que chegam à adolescência e à maturidade.
Denise, sempre foi uma supermãe. E, mesmo as meninas tendo atingido a maturidade, muitas e muitas vezes as tratavam como se fossem aquelas duas menininhas que carregávamos no colo. Contudo, sempre dizia a Denise: nossa função como pais é levá-las à maturidade, lhes repassando os valores indispensáveis para isto. E, creio que com todas nossas falhas, conseguimos fazer isto.
Bianka, como Denise diz, sempre foi meio “cigana”, “bandoleira”. Pelos dezessete/dezoito anos deu seu primeiro vôo solo quando foi estudar na JOCUM em Recife, onde permaneceu depois como missionária. Nosso “ninho” ficou meio vazio. Já foi uma grande luta, mas, ficou nosso passarozinho menor (em todos os sentidos, inclusive literalmente). Bibi voltou um tempo depois, ficou mais um tempo no ninho (creio que para se aquecer um pouco) e cerca de dois anos atrás, voou de novo, desta feita para Campinas, onde estuda e trabalha. Foi outra luta, pois apesar da experiência anterior, estávamos nos acostumando com ela no “ninho”. Mas, ainda estávamos com nosso passarozinho no ninho.
Mas, nosso passarozinho (pérola, flecha) se formou, e, Deus lhe abriu uma porta abençoada em nosso estado natal – Paraíba, precisamente na cidade de Bayeux (grande João Pessoa) para trabalhar na área de sua formação (serviço social) e para lá ela voou no último domingo, desta feita deixando nosso “ninho” totalmente vazio.
Esta tem sido uma experiência nova para mim e Denise – o ninho vazio. Nossos corações se enchem num misto de tristeza e alegria. Tristeza por não tê-las mais perto de nós (pelo menos fisicamente), mas, alegres por saber que elas estão seguindo o curso de suas vidas, voando com o legado que lhes passamos, quando eram pássaros indefesos.
Esta é a vida: filhos vêm e se vão. São presentes de Deus. São heranças do Senhor. Contudo, eles nos são dados para que lhes repassemos os valores necessários para suas caminhadas. Mas, eles são de Deus. São como flechas, atirados no mundo para frutificarem para a glória do Pai Eterno.