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domingo, 31 de dezembro de 2023

Que venha 2024! Verdades espirituais que não podemos esquecer (Filipenses 3)

 

Que venha 2024! Verdades espirituais que não podemos esquecer (Filipenses 3)

 

Chegamos a mais um final de ano. Como sempre, esse é um tempo de reflexão para a maioria das pessoas. É comum agradecermos a Deus pelas conquistas, mas, também, refletirmos sobre os erros, e vermos no que podemos melhorar.

Esse também é um momento de colocarmos em nossos corações algumas verdades bíblicas que, à luz da Palavra de Deus, não devemos esquecer de nenhuma forma. Com base no texto de Filipenses 3, gostaríamos de refletirmos sobre algumas dessas verdades.

Em primeiro lugar, não podemos esquecer de quem éramos, e em que nos tornamos devido à Graça do Senhor. Entre os versos 4-6, o apóstolo Paulo resume sua vida anterior ao encontro com Jesus: alguém que confiava na carne, fariseu, perseguidor da Igreja do Senhor. Mas, alcançado pela Graça do Senhor se tornou uma nova criatura. Depois do encontro maravilhoso com Jesus, aquilo que ele considerava lucro, passou a considerar perda. Seu desejo passou a ser conhecer cada vez mais o Senhor, ganhar a Cristo, e ser achado nele (v.8-9). Assim também aconteceu conosco. Quem éramos antes de Cristo? O que fazíamos? Como era nossa caminhada? Mas, como Paulo, fomos alcançados pela poderosa e transformadora Graça do Senhor! Agora somos novas criaturas, nosso desejo é estar cada vez mais próximos do Senhor, vivermos nele e para Ele!

Em segundo lugar, devemos deixar realmente nosso passado para trás e continuar avançando. É isso que o apóstolo Paulo diz no verso 13-14: “…esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo”. Sim, é preciso deixar o passado de fato para trás. Imagine se o apóstolo Paulo se deixasse levar por seu passado, talvez ele não realizasse um terço do que fez. Mas, ele deixou seu passado para trás. Muita gente em nossos dias vive presa ao passado, e não conseguem produzir aquilo muita coisa; o passado as seguram. Alguém já disse que o excesso de passado gera depressão. É preciso deixar o passado para trás. Mas, é preciso mais que isso: é preciso continuar avançando. Foi isso que o apóstolo Paulo disse: “…avançando…prossigo…”. Não podemos parar, ainda há muita coisa a fazer. Esse deve ser o sentimento dos crentes maduros (v. 15). Sinto que minha idade está avançando a cada, a velhice está chegando, mas, desejo continuar avançando. Grandes nomes na história, conseguiram grandes feitos na parte madura de suas vidas. Assim, é preciso que continuemos avançando! Há muita coisa ainda a ser feita no Reino de Deus!

Em terceiro lugar, é preciso que entendamos que nossa pátria está nos céus. Paulo diz no verso 20. Diferentemente dos inimigos da cruz de Cristo (v.18-19) que somente se preocupam com as coisas terrenas, aqueles que são crentes, devem estar sempre focados nas coisas celestiais. Esse é um duro golpe nesta cultura gospel de nossos dias, onde a preocupação maior é o enriquecimento e a glória humana. Infelizmente, muitos crentes estão sendo seduzidos pela cultura materialista, hedonista e narcisista de nossos dias. É preciso que entendamos que somos peregrinos e passageiros neste mundo. Somos cidadãos dos céus, de onde virá o nosso Senhor e Salvador (v.20), que nos transformará em seres gloriosos e nos receberá para a vida gloriosa na eternidade.

 

Glória somente a Deus!!

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

 

115 ANOS DE HISTÓRIA – IGREJA DO NAZARENO

 

 

Agora no mês de outubro, exatamente no dia 13 de outubro de 1908, durante a Segunda Assembleia, realizada em Pilot Point (Texas/EUA), que a Igreja do Nazareno foi oficialmente organizada.

Em sua declaração histórica, a Igreja do Nazareno se diz herdeira de dois grandes movimentos cristãos: Reforma Inglesa[1] e do reavivamento wesleyano[2]. Mas, historicamente o surgimento da Igreja do Nazareno está profundamente ligada ao Movimento de Santidade[3]. Este foi um movimento que irrompeu nos EUA em meados do Século XIX, cuja a ênfase recaia na renovação da santidade cristã. Alguns dos grupos que se uniram durante o Movimento de Santidade, deram origem oficialmente à Igreja do Nazareno. A denominação surge como uma herdeira da doutrina de santidade, fruto de suas raízes histórico-teológicas. O lema escolhido pela denominação para enfatizar seu compromisso foi SANTIDADE AO SENHOR.

Além da marca da santidade, temos no envolvimento missionário outra marca bastante presente na Igreja do Nazareno. A Igreja do Nazareno surge como uma Igreja Global, fruto do seu envolvimento missionário, cujo engajamento data de 1915.

A Igreja do Nazareno considera três valores fundamentais:

a) Um povo Cristão: A denominação está conectada a todos os crentes no mundo na pregação do Evangelho;

b) Um povo de Santidade: Deus nos chama para um viver santo. A Igreja crê numa segunda obra da Graça, a Inteira Santificação, que purifica o coração do crente;

c) Um povo com uma Missão: Estamos respondendo ao chamado de Cristo, e, capacitados pelo Espírito Santo, somos enviados por todo mundo anunciando as boas-novas do evangelho.

Como falamos acima, a Igreja do Nazareno é uma Igreja Global, estando presente em mais de 162 países, possuindo mais de 30.500 Igrejas, e aproximadamente 2.500.000 de membros. E, a Igreja do Nazareno continua crescendo em volta do mundo; sua visão missionária continua profundamente ativa.

Interessantemente, quando a denominação completava suas bodas de ouro (50 anos de existência), ela foi oficialmente organizada no Brasil, ou seja, a Igreja do Nazareno no Brasil celebra seus 65 anos de existência. A Igreja no Brasil nasceu na cidade de Campinas/SP, mas logo foi se espalhando para todos os rincões da nação brasileira. Hoje, a Igreja do Nazareno no Brasil está presente em quase todos os Estados da Federação, estando dividida em 21 Distritos.

Num mundo cada vez mais confuso, em crise em diversas áreas, decadente e doentio, a Igreja do Nazareno se reveste de uma grande importância, principalmente devido à sua Teologia e Pregação de Santidade.

 

Celebremos com um coração grato a Deus toda essa trajetória histórica. Indubitavelmente, no universo de tantas tradições denominacionais, a Igreja do Nazareno possui um papel de extrema relevância.

 

Fontes de Pesquisa:

 

COUTO, Vinícius. Uma Igreja do Povo e para o Povo: Santidade, irenismo e avivamento na História da Igreja do Nazareno. Campinas: Nazalivros Publicações. 2018;

DOROTHY, Bullón. História da Igreja do Nazareno. Tradução de Márcio Nogueira e Paula de Sena Lima Nogueira. Campinas: FNB e CNP, 2011;

FUNDAMENTOS NAZARENOS - QUEM SOMOS. O QUE CREMOS.

MANUAL DA IGREJA DO NAZARENO. 2017 – 2021.



[1] Sobre a Reforma Inglesa vide: https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Inglesa.

[2] Sobre o Reavivamento Wesleyano vide: http://portal.metodista.br/pastoral/reflexoes-da-pastoral/john-wesley-e-o-movimento-metodista.

[3] Sobre o Movimento de Santidade vide: http://igrejaperiodomoderno.blogspot.com/2014/11/movimento-de-santidade.html

domingo, 28 de maio de 2023

PENTECOSTES

 

PENTECOSTES

 

“Todos ficaram cheios do Espírito Santo...” Atos 2.4a

 

A Igreja Cristã ao redor do mundo celebra neste domingo o Pentecostes, ocasião em que o Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos do Senhor Jesus Cristo, cinquenta dias após a Páscoa.

É importante que olhemos para a narrativa bíblica, conforme descrita pelo evangelista Lucas em Atos 2, não apenas com o olhar histórico, mas com o olhar hermenêutico, buscando compreender alguns elementos e ensinamentos espirituais que o evento nos traz.

Primeiramente, devemos compreender que o evento demonstra o cumprimento da promessa do Senhor Jesus. Antes de sua ascensão, o Senhor Jesus Cristo, ressurreto, tinha falado aos seus discípulos que não se ausentassem de Jerusalém, pois eles seriam batizados com o Espírito Santo (Atos 1.4-5); e, em Atos 1.8, temos a promessa da outorga de poder aos discípulos para serem testemunhas do Senhor Jesus em todos os lugares. Interessantemente, para o apóstolo Pedro, era a concretização da profecia de Joel (conf. Atos 2.16ss).

Em segundo lugar, o Pentecostes estava relacionado à concessão de poder. Isso está mais que claro em Atos 1.8: “...recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo...”. A palavra ‘poder’, no original ‘dynamis’, tem o significado de poder real, poder em ação; significa mais do que força ou capacidade, implica na própria operação divina em ação. O Comentário Barnes diz: “A palavra ‘poder’ aqui se refere à ajuda ou auxílio que o Espírito Santo concederia; o poder de falar em novas línguas; de pregar o evangelho com grande efeito; de suportar grandes provações, etc.”[1] Isso ficou bastante claro no próprio contexto de Atos 2, quando aqueles discípulos, iletrados e incultos, testemunharam, noutro idioma que não conheciam. Além disso, o apóstolo Pedro, cheio do poder do Espírito Santos, pregou um sermão profundamente confrontador, ocorrendo milhares de conversões. Esse poder é visto em todo o livro de Atos e em toda a história da Igreja Apostólica.

Em terceiro lugar, o derramamento tinha um fim: o testemunho acerca do Senhor Jesus Cristo. Atos 1.8 também deixa isso muito claro: “...e sereis minhas testemunhas...”. Claro que entendemos, à luz da Palavra de Deus, que o Espírito Santo age para outros fins, mas, estamos buscando fazer uma conexão entre Atos 1.4-8 e Atos 2. Aqueles discípulos seriam cheios do Espírito Santo para que, com poder (vindo do Espírito Santo), pudessem testemunhar com ousadia a respeito do Senhor Jesus Cristo ressurreto! O comentário Esperança diz: “Ele (o Espírito) nos transforma em testemunhas. Conhecemos o termo ‘testemunha’ do linguajar jurídico. Num processo jurídico são interrogadas as testemunhas. Não lhes cabe externar sua opinião, nem relatar seus pensamentos, mas – exatamente como fazem os apóstolos (Atos 4.20) – ‘falar das coisas que viam e ouviram’. As testemunhas estabelecem o que aconteceu na realidade”.[2] Além do mais, convém lembrar que a palavra ‘testemunha’ vem do termo grego ‘martys’ (mártir, martírio), transmitindo a ideia de que esse testemunho que atinge o coração é que conduz os mensageiros ao sofrimento, e ele somente pode ser prestado mediante o sofrimento (Atos 9.16).[3]

À luz disso, que lições práticas a Igreja de hoje pode tirar: 1 – O Senhor é cumpridor veraz de todas as suas promessas: essa é uma grande verdade que não podemos abrir mão: o Senhor vela para cumprir as suas promessas! Ele prometeu derramar Seu Espírito sobre seus discípulos, e cumpriu! 2 – A Igreja necessita do poder do Espírito Santo. A Igreja é um organismo antes de ser uma organização; a Igreja é o Corpo Vivo do Senhor Jesus! Não podemos encarar a Igreja como se fosse uma empresa, uma ONG ou qualquer agremiação. Precisamos compreender que necessitamos de poder e direção do Espírito Santo para cumprirmos as ações e tarefas que temos pela frente. Iludimo-nos quando tentamos fazer a Obra do Senhor somente dependendo das nossas forças ou qualificações; precisamos do poder do Espírito Santo! 3 – O poder do Espírito Santo nos leva a sermos autênticas testemunhas do Senhor: Não deveríamos ousar testemunhar do Senhor Jesus sem o poder do Espírito Santo, isso não acabará bem. A Igreja não tem mais a ousadia de outrora para testemunhar do Senhor porque lhe falta o poder do Espírito Santo. O genuíno testemunhar do Senhor Jesus Cristo pode redundar em sofrimento e perseguição; essas coisas não dão muito ibope no atual movimento evangélico brasileiro.

Cabe-nos buscarmos o Senhor em quebrantamento e contrição, rogando para que Ele derrame Seu Espírito Santo em nós, enchendo-nos do Seu poder!

 

 

 

 

 

 



[1] Comentário Barnes. Disponível em https://www.apologeta.com.br/atos-1-8/. Consulta em 26.05.2023.

[2] BOOR, Werner de. Atos do Apóstolos. Comentário Esperança. Curitiba/PR: Editora Evangélica Esperança, 2003, p. 15.

[3] Id.

terça-feira, 23 de maio de 2023

CORAÇÃO AQUECIDO

 Coração Aquecido

 

 

24 de maio é uma data lembrada dentro das Igrejas de origem wesleyana. Foi no dia 24 de maio de 1738 que John Wesley teve uma experiência que marcaria sua vida e a história da igreja cristã decisivamente.

Os irmãos John e Charles Wesley, tinham ido para uma obra missionária em outubro de 1735 nos EUA, precisamente na colônia inglesa da Georgia; nesta colônia ficou até dezembro de 1737. Os trabalhos na colônia não eram fáceis, mas, o maior problema de John Wesley se referia à sua própria vida espiritual. Seu diário registra a luta espiritual pelo qual passava o jovem anglicano: “Fui até a América do Norte a fim de converter os índios, mas quem me converterá a mim? Quem me livrará desse coração perverso e incrédulo? Tenho uma religião dos bons tempos; posso falar dela, posso mesmo crer nela, enquanto estou longe do perigo; porém, logo que a morte está diante do meu rosto, minha alma se abate. Não posso exclamar: Para mim a morte é lucro. Oh, quem me livrará desse medo da morte? O que farei? Onde irei escapar dela?”.[1] O relato do diário demonstra a profunda dúvida em relação à sua própria salvação. Leliévre diz: “...Wesley voltou da América do Norte oprimido e abatido; finalmente, tinha aprendido a conhecer-se a si mesmo, e descreve em seu diário com amarga eloquência essa fase de sua vida espiritual”.[2]

Retornando a Londres, Wesley buscou contato com a comunidade moraviana[3], a qual tinha conhecido na viagem de ida aos EUA, tendo sido bastante impactado com a fé pura, simples e genuína daquele grupo. Em fevereiro de 1738, Wesley começa encontros com o ministro moraviano Pedro Bohler, que o guiou ao conhecimento de uma fé viva e genuína. A peregrinação de John Wesley estava chegando ao final.

Deixemos que o próprio Wesley relate sua experiência: “Quase as cinco da manhã de quarta-feira, o dia vinte e quatro de maio de 1738, abri meu Novo Testamento e encontrei estas palavras: ‘Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas vos torneis participantes da natureza divina’ (I Pe 1.4)...À noite, fui, contra minha vontade, a uma pequena reunião na rua Aldersgate, onde ouvi a leitura do Prólogo de Lutero à Epístola de Paulo aos Romanos. Cerca de quinze para as nove, enquanto escutava a descrição feita da transformação que Deus opera no coração mediante a fé em Cristo, senti arder meu coração de modo estranho. Senti que confiava em Jesus, e nele somente, para minha salvação; recebi certeza de que o Senhor tinha apagado os meus pecados e Ele me havia salvado da lei do pecado e da morte”.[4]

Como falamos acima, essa experiência promoveu uma transformação radical na vida de John Wesley (seu irmão, Charles e seu grande amigo, George Whitefield, já tinha passado pela mesma experiência). A crise espiritual tinha ido embora. Do mesmo modo que Paulo, o fariseu, foi transformado, e Lutero, um fanático ritualista, tinha se convertido, Wesley teve a sua vida completamente transformada.

A transformação espiritual de John e Charles Wesley e de George Whitefield teve uma repercussão não apenas em suas vidas, mas em toda Inglaterra, nos EUA, e no mundo, pois, a partir desses jovens, iniciou-se um dos maiores movimentos da história da Igreja Cristã: o movimento wesleyano e o consequente Metodismo.

A Inglaterra do Século XVIII passava por profundas transformações políticas e sociais, sem falar da forte crise de espiritualidade cristã devido a frieza do Anglicanismo. Alguns estudiosos dizem que a Inglaterra, dada sua situação social e política, caminhava para uma convulsão social como ocorrida na França, e que não houve espaço para isso devido a influência do movimento wesleyano. O movimento wesleyano impactou a sociedade inglesa, e, posteriormente, a norte-americana.

Devemos refletir que essa não deve ser apenas uma data a ser lembrada por uma determinada tradição. Mas, observarmos que ela pode nos trazer vários aprendizados. Gostaria de destacar alguns pontos: 1 – Alguns podem confundir religiosidade com conversão: Wesley serviu vários anos como um piedoso crente, mas não tinha passado por uma genuína experiência de conversão. Quem conhece um pouco a minha história sabe que passei por algo parecido; nascido e criado na tradição reformada, por muito tempo vivi apenas como um religioso, sem uma experiência de conversão. Já na minha fase adulta, fui alcançado pela Graça de Deus; 2 – A conversão implica em mudança de vida: mesmo a vida de um religioso que cumpre cabalmente os ditames da religião, não se compara em nada a uma vida profundamente transformada pelo poder da Graça do Senhor. Não tem como: conversão implica em mudança total e radical de vida. A experiência de conversão mudou radicalmente a vida dos três jovens avivalistas; 3 – Deus usa cultos e pessoas simples: Deus usou com poder a John Wesley depois de sua conversão, mas, Wesley foi guiado em sua peregrinação espiritual por um simples ministro moraviano, Pedro Bohler; o erudito John Wesley, ouviu sobre as mais profundas verdades espirituais através de um simples ministro; 4 – Deus usa com poder aqueles que se colocam debaixo de Seus cuidados: após sua conversão, John Wesley, como vimos resumidamente, foi poderosamente usado por Deus, liderando um poderoso avivamento na Inglaterra e EUA. No final de seus dias, Wesley tinha andado cerca de 322 mil kms a cavalo pela Inglaterra, Escócia e Irlanda, pregado cerca de 42 mil sermões, escrito cerca de 200 trabalhos, além de ter liderado e organizado o movimento wesleyano. Do mesmo modo que John Wesley foi poderosamente usado por Deus, qualquer um de nós também pode ser usado por Ele, se nos colocarmos totalmente ao Seu serviço e aos Seus cuidados.

Celebremos essa data com o coração aquecido pela Presença do Espírito Santo, nesta semana em que também se comemora o Pentecoste! Ao Senhor seja a glória e o louvor!!

 

 



[1] Works, Tomo I, p. 23 apud LELIÉVRE, Mateo. João Wesley: Sua vida e Obra. Traduzido por Gordon Chown. São Paulo: Editora Vida, 1997, p. 61.

[2] LELIÉVRE, Mateo. João Wesley: Sua vida e Obra. Traduzido por Gordon Chown. São Paulo: Editora Vida, 1997, p. 62.

[3] Os livros que tratam da História da Igreja Cristã sempre dedicam uma parte a história dos Morávios, mas gostaria de indicar: A Saga dos Irmãos Morávios, de Antonio LUIZ Rocha Pirola, e Avivamento Morávio, de Rafael Moreh.

[4] Works, Tomo I, p. 103 apud LELIÉVRE, Mateo. João Wesley: Sua vida e Obra. Traduzido por Gordon Chown. São Paulo: Editora Vida, 1997, p. 66.

 

segunda-feira, 24 de abril de 2023

 A MISSÃO DO CONSOLADOR

JOÃO 14 - 16

 

A Igreja do Nazareno Sul-americana está envolvida numa Campanha de 40 dias de Oração por avivamento. São milhares de nazarenos orando para que Deus possa derramar o Seu Espírito sobre suas vidas. Creio que Deus trará um novo tempo para nossa denominação, Igrejas Locais e os crentes em geral.

Estamos aproveitando não apenas para orar neste período, mas também para pregar e ensinar a respeito da Pessoa e Obra do Espírito Santo de Deus em nossas programações da Igreja Local. Neste devocional, compartilho em forma de texto a pregação deste último domingo, que teve por título: A Missão do Consolador, tendo como base os capítulos 14 e 16 do evangelho de João.

Francis Chan, num excepcional livro sobre o Espírito Santo (O Deus Esquecido), diz o seguinte na introdução do livro: "Se eu fosse satanás e meu objetivo final fosse frustrar os propósitos de Deus e seu Reino, uma das minhas principais estratégias seria levar os frequentadores de igrejas a ignorar o Espírito Santo".[1] O livro de Chan foi escrito com o alvo de ensinar o povo cristão acerca da Pessoa e da Obra do Espírito Santo. Minha visão pastoral é que a Igreja pouco conhece a respeito do Espírito Santo, e, devido a isso, está muito aquém daquilo que pode viver e fazer no Reino de Deus. É importante que entendamos que sem esse conhecimento e vivência na dependência do Espírito Santo, não ocorrerá verdadeiros avivamentos, não haverá santidade, nem maturidade, serviço e crescimento espiritual.

Os capítulos 14 e 16 do Evangelho de João nos trazem vários ensinamentos sobre o Espírito Santo, e desejamos compartilhá-los com todos.

Em primeiro lugar, vemos que o Espírito Santo é enviado por Deus e estará para sempre conosco (14.16). Jesus diz: "E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador. Interessante é que no verso 26, Jesus diz que o Espírito é enviado por Deus em nome de Cristo, e em João 16.7, Jesus diz que Ele mesmo enviará o Espírito. É importante que entendamos que não há contradição no texto sagrado; pelo contrário, eles se complementam, e mostram a profunda conexão que existe entre o Pai e o Filho. O que está claro no texto é que o Espírito não vem por nossa vontade, e que nenhum Pastor ou líder pode conceder o Espírito Santo; essa é uma Obra de Deus! Isso não impede que possamos orar para que Deus derrame seu Espírito sobre a Igreja, mas devemos estar conscientes que somente Deus pode enviar o Espírito Santo. Isso ocorreu no Pentecostes (Atos 2), na Casa de Cornélio (Atos 10) e em Éfeso (Atos 19), e creio que continua sendo derramado em nossos dias sobre os crentes, em todos os locais. Onde tiver um coração contrito, quebrantado, consagrado, cheio de fé e desejoso de avivamento, Deus derramará Seu Espírito.

Mas, o texto também nos diz que Ele seria enviado para estar para sempre conosco: "...a fim de que esteja para sempre com vocês"(14.16). Neste sentido, gostaria de ressaltar algumas verdades: a) o ambiente que Jesus Cristo está falando é de apreensão, temor, ansiedade e angústia (vide 14.1 e 16.1-4). Jesus tinha falado que voltaria para o Pai, que não estaria mais visivelmente com seus discípulos, e isso trouxe temor e angústia para eles; b) Diante disso, Jesus clamaria, e o Pai enviaria o 'Consolador'. A palavra aqui é 'parakletos', que pode ser traduzida também como 'Ajudador', 'Advogado', cujo significado é 'alguém enviado para estar ao lado'; também pode ser traduzida como 'Encorajador' e 'Auxiliador'. Em face disso, Jesus garante que seus discípulos não estariam órfãos (14.8); c) Jesus diz que o Espírito Santo sempre estaria conosco, e que ele habitaria em cada um de nós (14.17).

Essas são verdades extraordinárias para todos nós que somos discípulos do Senhor. O Espírito Santo sempre estará conosco, em todos os momentos, nos fortalecendo, encorajando, dando-nos forças para continuar e vencer medos e angústias. O Espírito Santo é Deus habitando em nós!

Em segundo lugar, Jesus diz que o Espírito Santo nos ensinará todas as coisas e nos fará lembrar dos ensinos de Jesus (14.26). Alguns estudiosos dizem que Jesus estava falando com aquela primeira geração de crentes, contudo, outros estudiosos da literatura joanina dizem que Jesus estava se reportando aos discípulos de todas as épocas e gerações; é assim que creio. O Espírito Santo, enviado pelo Pai em nome do Filho, ensinará aos discípulos todas as coisas e trará à memória deles tudo o que eles aprenderam de Jesus. Nas horas mais graves, quando o adversário nos cercar, o Espírito Santo trará as palavras certas, nas horas certas. Barclay diz algo interessante acerca disso: “O espírito Santo nos manterá no bom caminho no que se refere à conduta. Quase todos nós temos uma experiência reiterada na vida. Quando nos sentimos tentados a fazer algo mau, quando estamos a ponto de levá-lo a cabo, apresenta-se em nossa mente a frase de jesus, o versículo do salmo, a imagem de jesus, as palavras de alguém para com quem sentimos admiração e carinho, os ensinos que recebemos durante a juventude. No momento de perigo estas coisas passam por nossa mente sem que as tenhamos convocado. Esta é a obra do espírito santo. No momento de prova, o espírito santo apresenta em nossa memória aquilo que jamais deveríamos ter esquecido”.[2]

Em terceiro lugar, Jesus Cristo mostra que o Espírito Santo é o poderoso convencedor do mundo (16.7-11). Jesus tira o foco dos seus discípulos e agora foca no mundo. Embora a gente cite esses versículos com frequência, eles não são de fácil interpretação. Minha intenção aqui não é fazer uma interpretação aprofundada do texto, mas trazer um resumo daquilo que é o pensamento mais comum entre os estudiosos. Uma coisa é muito clara no texto: o Espírito Santo também tem uma missão em relação ao mundo. Em primeiro lugar, Ele convencerá o mundo do pecado (16.8-9). O mundo caído não crê em Jesus, é um mundo incrédulo. Assim, o Espírito Santo dá testemunho de que o Jesus que foi rejeitado, condenado e morto pelo mundo, foi recompensado e exaltado. O Espírito Santo convencerá as pessoas de que a incredulidade é um vergonhoso pecado. Em segundo lugar, O Espírito Santo convencerá o mundo da justiça (16.8,11). O sentido aqui é puramente teológico e legal. A justiça de Deus foi plenamente manifestada ao mundo no sacrifício de Cristo na Cruz do Calvário. Ao se tornar nosso substituo e morrer em nosso lugar, Jesus cumpriu cabalmente todas as demandas da Lei e satisfez todos os reclames da justiça de Deus. O Espírito Santo vem ao mundo convencê-lo dessa verdade gloriosa. Em terceiro lugar, Ele convencerá o mundo do juízo (16.8,11). A vitória de Cristo na Cruz, ressuscitando dos mortos e ascendendo ao céu representam o julgamento legal e derrota do diabo. Jesus triunfou sobre o diabo na cruz, despojou-o, venceu-o (Cl 2.13-15). Cada vez que Cristo é proclamado na pregação, sob o poder do Espírito Santo, satanás sofre mais uma perda, e cada alma salva é nova prova de que o diabo é um perdedor. Jesus Cristo é o grande vencedor, e o Espírito Santo testifica isso! Isso é importante para nós para compreendermos que a obra de convencimento é feita pelo poder do Espírito Santo; não depende de nossa retórica, de nossa capacidade intelectual, de nossas aptidões; quem convence é o Espírito Santo de Deus. Cada dia que passa me preocupo ainda mais com o que a Igreja contemporânea tem feito, criando métodos e estratégias meramente humanas para 'convencer' os pecadores. Somente o Espírito Santo tem o poder para convencer o incrédulo, iluminar sua mente, aquecer seu coração, revelar o plano de redenção de Deus!

Finalmente, em quarto lugar, o Espírito Santo nos guia por toda a verdade e glorifica ao Filho (16.13-14). Jesus Cristo se volta novamente para seus discípulos. Jesus já tinha dito que o Espírito Santo era o 'Espírito da Verdade' (14.16); Jesus Cristo tinha se declarado como a Verdade (14.6), e diz que a Palavra é Verdade (17.17). O Espírito Santo nos ensina aquilo que está alinhado com Jesus e com a Palavra de Deus. A palavra 'guiar' significa literalmente 'mostrar o caminho', 'guiar ao longo do caminho'. É preciso que entendamos algo muito importante: nesta jornada de fé, não estamos sozinhos, o Espírito nos guia; Ele nos mostrará a Verdade que é Jesus, nos guiará no caminho com Ele, nos guiará pela verdade revelada na Palavra de Deus!



[1] CHAN, Francis; YANKOSKI, Danae. O Deus Esquecido. Tradução de Omar de Souza. São Paulo: Mundo Cristão, 2013. E-book Kindle. Posição 80.

[2] BARCLAY, William. João. IN: O Novo Testamento comentado por William Barclay. Tradução de Carlos Biagini. Sem Editora. S/D. p. 460.

domingo, 9 de abril de 2023

 MENSAGEM DE PÁSCOA

Sempre tenho alertado a Igreja Local que pastoreio sobre o cuidado de não esvaziarmos os reais significados dos eventos cristãos que celebramos. Sabemos como tais eventos tem passado por tantos ataques ao longo da história, onde os reais significados têm sido deixados de lado. Isso é um perigo não somente para aqueles que não são envolvidos com a fé cristã, mas também para os cristãos.

Juntamente com o Natal, onde a cristandade celebra o nascimento do Senhor Jesus, a Páscoa possui um significado muito especial, onde se celebra a paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus.

Mas, entre tantas coisas que devemos lembrar neste evento tão importante, quais são aqueles que não podemos esquecer, por, acima de tudo, possuírem um alto valor teológico. Referimo-nos à morte e ressurreição do Senhor.

A morte do Senhor Jesus Cristo se reveste de muita singularidade devido seu profundo significado teológico. A morte de Cristo possui um significado especial para todos nós, pois, por sua morte, nossos pecados puderam ser pagos.

Esse não é um artigo teológico, assim, nossa intenção não é aprofundarmos esse tema, contudo, precisamos compreender que o problema do pecado na humanidade tem origem no Éden, quando nossos primeiros pais pecaram. As Escrituras nos mostram claramente que aquele pecado passou para toda a humanidade (Sl 51.5; Rm 3.9-18, 23; 5.12; Tt 1.15-16). Mas, vemos a provisão de Deus para a pecaminosidade humana já no Jardim, quando cobriu a nudez de nossos primeiros pais, tendo, ao que tudo indica, que sacrificou um animal para isso (Gn 3.21).

Dr. Orton Wiley, tratando sobre o tema da Expiação em sua teologia, lista aquilo que ele chama de prefigurações da Expiação na literatura do Antigo Testamento, a saber: a) os sacrifícios primitivos, aqueles que os patriarcas ofereciam a Deus; b) os sacrifícios da Lei Mosaica, que fazia parte da religiosidade judaica, como vemos principalmente nos livros de Êxodo e Levítico; e c) as predições dos profetas, que apontavam para o Messias.[1]

Como sabemos a partir das Escrituras, tudo isso era como sombra para aquilo que haveria de acontecer (Cl 2.17; Hb 10-13). Neste sentido, Jesus Cristo, vem ao mundo como a oferta plena e perfeita da parte de Deus e para satisfazer a própria ira justa de Deus. Ele é ao mesmo tempo, o sumo-sacerdote perfeito e a oferta perfeita (Hb 7.20-28; 9.11-28). Agostinho de Hipona afirma que Cristo ‘foi sacrificado pelo pecado, oferecendo a si mesmo como o pleno holocausto na cruz de sua paixão’.[2]

Devemos compreender a morte do Senhor Jesus Cristo como um sacrifício para pagar os pecados da humanidade separada de Deus. Permitam-me mais uma vez citar o Dr. Wiley em relação aos fundamentos bíblicos da Expiação (destacaremos os aspectos mais relevantes). Primeiramente, ele diz que o motivo da Expiação foi o amor de Deus. Deus nos amou que enviou Seu Único Filho para morrer em nosso lugar (Jo 3.16; Rm 5.8; I Jo 4.9). Em segundo lugar, a morte de Cristo foi um sacrifício vicário. Diversas passagens bíblicas demonstram que Jesus morreu pelos seres humanos; neste sentido, vemos a conexão a morte de Cristo com o castigo que todos os pecadores mereciam (Jo 11.50; Rm 5.6,8; II Co 5.14-15,21; Gl 1.4).[3]

Esse é o primeiro tema que não devemos esquecer em nenhum momento: Jesus Cristo morreu na cruz do Calvário em nosso lugar para redimir os nossos pecados; Ele pagou todas as dívidas que tínhamos, nos justificou, nos regenerou, nos adotou e santificou! Aleluia! Sua obra foi plena e completa! Não sendo necessário acrescentar nada mais! Precisamos testemunhar, ensinar e pregar a respeito dessa verdade!

Mas, não podemos esquecer a Ressurreição do Senhor. Os teólogos são praticamente unânimes em dizer que a Ressurreição de Jesus é a pedra fundamental da fé cristã, afinal de contas, um Cristo vencido pela morte como poderia salvar os outros? Como diz o apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios em sua primeira carta: vã seria nossa fé, e vá seria nossa pregação.

Norman Geisler diz que a Ressurreição corporal de Cristo é a prova cabal de que Jesus era quem afirmava ser (Ele era Deus). Além disso, a Ressurreição do Senhor em um corpo carnal é de tamanha importância para a fé cristã que o Novo Testamento insiste em que ninguém pode ser salvo sem ela (Rm 10.9; I Co 15.1-7).[4]

Não à toa que essa é uma das principais doutrinas combatidas ao longo dos séculos. Desde o momento histórico da Ressurreição, que essa doutrina vem sendo negada em várias frentes. Alguns chegaram a declarar que Jesus não tinha morrido, mas desmaiado. Outros asseguram que o corpo do Senhor foi roubado por seus discípulos, que posteriormente divulgaram uma notícia falsa sobre sua Ressurreição.

Nossa preocupação aqui não é combater as teorias contra a Ressurreição. Os apologetas fazem isso com muita eficácia. Mas, enfatizarmos essa linda doutrina bíblica: Jesus Cristo ressuscitou dos mortos e está Vivo! E voltará!

Geisler lista as evidências diretas e indiretas da Ressurreição do Senhor. Vejamos as diretas (tem a ver com as aparições): a) a Maria Madalena (Jo 20.10-18); b) às mulheres (Mt 28.1-10); c) a Pedro (I Co 15.5; Jo 20.3-9); d) aos discípulos no caminho de Emaús (Mc 16.12; Lc 23.13-35); e) aos dez (Lc 24.36-49; Jo 20.19-23); f) aos onze (Jo 20.24-31); g) aos sete (Jo 21); h) aos apóstolos na Grande Comissão (Mt 28.16-20); i) aos quinhentos (I Co 15.6); j) a Tiago (I Co 15.7); l) a Paulo (At 9.1-9; I Co 15.8). As evidências indiretas: a) os discípulos transformados; b) a existência da Igreja Primitiva; c) o crescimento do cristianismo.[5]

Meditando sobre a Páscoa, lembramos de um antigo artigo que lemos muitos anos atrás na revista Arauto da Santidade. Nele, o articulista dizia que um pregador, numa sexta-feira da paixão, falava sobre todo o sofrimento que o Senhor Jesus passou desde sua prisão até a sua morte dolorosa na cruz, mas, sempre intercalava as partes do sermão dizendo: “mas o domingo chegará”, “mas o domingo chegará”. O domingo chegou! Aleluia! A morte não pôde segurar nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo! Ele venceu na cruz! Ele venceu a morte! A Ressurreição do Senhor Jesus enche nosso coração de Esperança, pois um dia sabemos que ressuscitaremos também. Mas, também enche nossos corações de Esperança agora ao passarmos por lutas e provações, pois, o Senhor ressurreto está conosco! Isso é fato!

A Páscoa não fala sobre um insurgente, um revolucionário que se levantou contra os poderes instituídos, morrendo por uma causa sociopolítica, como alguns ensinam em nossos dias. A Páscoa fala de Deus enviando Seu Único Filho, Homem-Deus, como fruto de Seu imensurável amor, para morrer em nosso lugar, e ressuscitar com poder ao terceiro dia! Aleluia!!

Bem, essa história não terminou. Não estou dando spoiler, pois todos sabemos que Ele voltará!!

Vem aí, cenas do próximo capítulo.



[1] WILEY, H. Orton. Teología Cristiana. Tomo 2. Lenexa, Kansas (EUA): Casa Nazarena de Publicaciones, 2013, pgs.208-213;

[2] MCGRATH, Alister. Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica: Uma introdução à Teologia Cristã. São Paulo: Shedd Publicações, 2005;

[3] Op. Cit., 215-218;

[4] GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética: respostas aos críticos da fé cristã. São Paulo: Editora Vida, 2002, p. 754;

[5] Idem, p. 754-758.

sábado, 1 de abril de 2023

 Também, por aqui, postarei um pequeno resumo dos livros que li.

 

Maria Bonita: Sexo, violência e Mulheres no Cangaço, de Adriana Negreiros (Editora Objetiva)

 

A escritora é jornalista, e realizou um excelente trabalho de pesquisa para escrever sobre o cangaço, dando ênfase principalmente às mulheres. Quando estudei História (UFPB), sempre ficava indignado quando algumas pessoas falavam de Lampião e seus asseclas como se fossem justiceiros, uma espécie de Robin Hood do sertão nordestino. De certo modo, a autora desconstrói essa imagem (não creio que essa era sua intenção), mostrando as aberrações que este cangaceiro e seu bando realizaram. Pilhagens, roubos, assassinatos cruéis, e horríveis violências perpetradas contra as mulheres são a temática da obra. Vale a pena a leitura.

 

Organize suas Emoções, de Alasdair Groves e Winston T. Smith (Editora Fiel)

 

Esse livro caiu em minhas mãos num momento decisivo que passei no último trimestre do ano passado, quando enfrentei um profundo desgaste físico e emocional, chegando à beira de um burnout. Os autores tratam a partir de uma perspectiva bíblica das questões que envolvem nossas emoções, focando, principalmente no entendimento de nossas emoções (nesta parte, o que mais me chamou a atenção foi o fato de que algumas vezes é bom nos sentirmos mal), em como lidar com as emoções mais comuns e aquelas mais difíceis. Essa questão das emoções é algo muito complexo em nossas dias, acima de tudo pelos tabus que ainda existem dentro de nossas comunidades de fé em relação a temática. Sem falar, que muitas vezes, sabemos que temos emoções, mas não sabemos como lidar com elas. Esse livro é indispensável.

 

Igreja Simples: retornando ao processo de Deus para fazer discípulos, de Thom S. Rainer e Eric Geiger (Editora Palavra)

 

Há alguns anos já tinha lido esse livro, e, recentemente li novamente, agora, com novos olhares. Esse não é um livro sobre um ‘modelo’ de Igreja (como tantos que existem em nosso meio), mas, sobre uma filosofia ou visão a ser implementada para que uma comunidade de fé seja mais produtiva (em todos os sentidos). O livro é resultado de uma pesquisa realizada entre igrejas que seguem um modelo de simplicidade e igrejas que não seguem esse modelo. O resultado é impressionante: as igrejas que adotam a visão de simplicidade são mais eficazes e produtivas do que aquelas que não adotam essa filosofia. O autor trabalha sob quatro paradigmas principais: Clareza, Movimento, Alinhamento e Foco.

Uma das coisas mais complexas para os pastores é fazer suas comunidades caminhar num mesmo foco. Em razão disso, muitas vezes gastamos energias e recursos, e não vemos um resultado que nos agrada. Por isso, os autores sugerem que as Igrejas tenham uma declaração de Missão simples, e que todos os ministérios e departamentos estejam focados nessa Missão.

Essa é uma leitura obrigatória para pastores e líderes que desejam ter suas comunidades de fé trabalhando com mais eficiência.

 

Reset: vivendo no ritmo da graça em uma cultura estressada, de David Murray (Editora Fiel)

 

Esse livro chegou em minhas mãos num momento crucial, quando estava saindo de um desgaste físico-emocional. Sempre tive uma vida estressada, e, muitas vezes, com ansiedade. Sabemos que isso mina nossas energias e saúde integral.

O Dr. Murray, pastor e professor, passou por um problema de saúde que o fez parar, e, a partir dessa experiência, rever sua vida em termos de atividade. O livro é fruto de sua experiência pessoal. Nele são tratados temas relevantes para todos nós. Ele inicia pela verificação da realidade que vivemos, e, a partir daí, começa a propor pontos que irão nos auxiliar em relação ao cuidado conosco mesmos.