Confesso
que não tenho assistido programas evangélicos na TV. Simplesmente a maioria dos
programas, com algumas exceções, não tem muito a apresentar. Não é que eu tenha
me tornado criterioso demais; simplesmente os programas não são bons.
No
último sábado, enquanto aguardava o restante da família despertar para tomarmos
o café juntos, resolvi ligar a TV e assistir algum programa evangélico. Triste decisão.
A decepção foi grande e somente veio ratificar minha posição.
No
programa, um conhecido tele-evangelista pregava com entusiasmo. Confesso-lhe
que para mim foi (e é) muito difícil enquadrar sua exposição como uma pregação.
Mais parecia uma brilhante palestra motivacional, e o tema era como chegar ao
sucesso. As alusões ao texto bíblico eram escassas, e quanto colocadas, estavam
fora do contexto e somente serviam para validar as posições do pregador (ou
palestrante?). Deu-me vontade de chorar, acima de tudo porque o público
presente vibrava com as frases de efeito proferidas. Pensei também nas milhares
de pessoas que como eu estavam ouvindo aquilo (perdão por chamar a exposição de
“aquilo”; não tenho outra palavra melhor) e que iriam absorver tais
ensinamentos. Pensei comigo: se o apóstolo Paulo ouvisse aquela exposição, o
que ele diria? Penso que o recado de Paulo seria aquele dado a igreja da
Galácia, conforme registrado em Gálatas 1.8.
Para
provocar mais indignação em minha pessoa, o pregador (pregador?) em destaque,
para validar seus ensinamentos fez alusão a um anel que usava no valor de U$ 4
mil, e de um carro blindado de sua propriedade. Confesso que novamente fiquei
com nó na garganta e meu peito apertou. A que ponto o evangelho chegou aqui no
Brasil. Como compactuar com tal posição? Como chamar isto de evangelho? Como enquadrar
isto numa pregação?
Enquanto
milhares e milhares de pessoas nesta nação, inclusive muitos irmãos de fé, estão
vivendo à míngua, reflexo de uma desigualdade social vergonhosa, um pastor usa
a TV para se gabar de um anel de R$ 8 mil e de um carro blindado! Confesso que
não tenho mais suportado a exposição deste evangelho medíocre, que pode ser
tudo, menos o evangelho da Graça do Senhor. E, o pior: a meu ver, cada dia,
mais e mais pessoas são atraídas para este evangelho espúrio. Evangelho do
sucesso, evangelho do status, evangelho da prosperidade...
É
preciso dar um basta nisso. É necessário que os profetas desta Nação abram sua
boa e denunciem tais erros. É preciso ensinar ao povo de Deus que isto é uma
grande falácia, que Deus não está neste negócio. Que o Senhor nos ajude nesta
empreitada!
Soli
scriptura!