OUVIR - UMA ATIVIDADE PASTORAL
EXTREMAMENTE IMPORTANTE
Ontem à tarde, a pedido de um
congregado da Igreja que pastoreio, fui visitar seu pai, um ancião que está
enfrentando uma luta contra um câncer. Minha visita tinha um objetivo muito
específico: este homem, apesar de ter declarado a Jesus como Senhor e Salvador
para o seu filho no meio da semana, numa crise de dores, queria fazer a mesma
declaração a um ministro evangélico, e gostaria que esse ministro orasse por
ele.
Foi uma tarde e um momento
muito especial com aquele ancião. Mas, resolvi escrever estas linhas, porque
depois da visita que fiz, comecei a refletir sobre a atividade que tinha feito.
Foi muito bom estar ali para orar por aquele homem que entregara sua vida ao
Senhor dos Senhores. Mas, também, foi muito importante estar ali para ouvir um
pouco de sua história.
Ouvir as pessoas, ouvir as
ovelhas; creio que este tem sido uma atividade que cada vez mais os pastores se
afastam dela.
Nossas inúmeras atividades
eclesiásticas (ou seriam religiosas?) tem roubado muito de nosso precioso
tempo; e, penso que estamos paulatinamente deixando de fazer aquilo que
inerente ao ministério pastoral: estar com as pessoas e ouvir suas histórias.
Aquele ancião, naquela tarde,
queria também ser ouvido. Falou de sua infância, de sua juventude, de seu
casamento (quando se emocionou várias vezes ao falar de sua falecida esposa),
de seus filhos, de sua luta contra a doença. Era meticuloso nos detalhes, dizia
as datas com precisão, falava com entusiasmo (apesar do cansaço) das lutas
vivenciadas em sua trajetória. Muitas vezes, no decorrer de sua fala, ele
chorou; mas, logo se recompunha e começava a falar novamente. Percebi que seus
olhos brilhavam. Ele queria atenção.
Quando olho para o evangelho,
percebo um Cristo que se move entre as pessoas, as vê e escuta suas histórias,
seus dramas, suas frustrações e seus pecados. Um Cristo que ouve um paralítico
moribundo, uma mulher adúltera, um publicano ladrão, que conversa noite adentro
com um religioso interessado em espiritualidade, até em sua morte ele conversa
com um ladrão na cruz, oferecendo-lhe perdão.
Conheço pastores que já não
suportam ouvir suas ovelhas. Suas vozes e pedidos lhe soam como perturbação. São
homens de negócios eclesiásticos, homens de gabinete, não tem tempo para tal
atividade. Suas ovelhas gemem a espera de um ouvido. Como gostariam de um tempo
junto aos seus pastores sendo ouvidas por eles...
Não desejo ser psicanalítico,
mas, creio que há cura na verbalização. Quando falamos colocamos para fora
muita coisa que pode estar fazendo mal à nossa alma. Como é importante poder
compartilhar verbalmente nossas lutas e dores.
Nesta tarde com o ancião falei
muito pouco. No final da conversa, quase um monólogo, fiz uma oração
ratificando sua decisão em receber Jesus como Senhor e Salvador. Mas, percebi o
quanto ele ficou satisfeito em poder ser ouvido. Oro a Deus para que em minha
caminhada pastoral nunca perca a paixão de poder ouvir as pessoas, as
ovelhas...
Realmente. Tenho percebido o quanto as pessoas (a grande maioria) precisa de alguém para falar. E como se elas estivessem sobre encarregadas.
ResponderExcluirRatificando: sobrecarregadas
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