MENSAGEM DE PÁSCOA
Sempre tenho alertado a Igreja Local que pastoreio sobre o cuidado de não esvaziarmos os reais significados dos eventos cristãos que celebramos. Sabemos como tais eventos tem passado por tantos ataques ao longo da história, onde os reais significados têm sido deixados de lado. Isso é um perigo não somente para aqueles que não são envolvidos com a fé cristã, mas também para os cristãos.
Juntamente com o Natal, onde a cristandade
celebra o nascimento do Senhor Jesus, a Páscoa possui um significado muito
especial, onde se celebra a paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus.
Mas, entre tantas coisas que devemos lembrar
neste evento tão importante, quais são aqueles que não podemos esquecer, por,
acima de tudo, possuírem um alto valor teológico. Referimo-nos à morte e
ressurreição do Senhor.
A morte do Senhor Jesus Cristo se reveste de
muita singularidade devido seu profundo significado teológico. A morte de
Cristo possui um significado especial para todos nós, pois, por sua morte,
nossos pecados puderam ser pagos.
Esse não é um artigo teológico, assim, nossa
intenção não é aprofundarmos esse tema, contudo, precisamos compreender que o
problema do pecado na humanidade tem origem no Éden, quando nossos primeiros
pais pecaram. As Escrituras nos mostram claramente que aquele pecado passou
para toda a humanidade (Sl 51.5; Rm 3.9-18, 23; 5.12; Tt 1.15-16). Mas, vemos a
provisão de Deus para a pecaminosidade humana já no Jardim, quando cobriu a
nudez de nossos primeiros pais, tendo, ao que tudo indica, que sacrificou um
animal para isso (Gn 3.21).
Dr. Orton Wiley, tratando sobre o tema da
Expiação em sua teologia, lista aquilo que ele chama de prefigurações da
Expiação na literatura do Antigo Testamento, a saber: a) os sacrifícios
primitivos, aqueles que os patriarcas ofereciam a Deus; b) os sacrifícios da
Lei Mosaica, que fazia parte da religiosidade judaica, como vemos
principalmente nos livros de Êxodo e Levítico; e c) as predições dos profetas,
que apontavam para o Messias.[1]
Como sabemos a partir das Escrituras, tudo isso
era como sombra para aquilo que haveria de acontecer (Cl 2.17; Hb 10-13). Neste
sentido, Jesus Cristo, vem ao mundo como a oferta plena e perfeita da parte de
Deus e para satisfazer a própria ira justa de Deus. Ele é ao mesmo tempo, o sumo-sacerdote
perfeito e a oferta perfeita (Hb 7.20-28; 9.11-28). Agostinho de Hipona afirma
que Cristo ‘foi sacrificado pelo pecado, oferecendo a si mesmo como o pleno
holocausto na cruz de sua paixão’.[2]
Devemos compreender a morte do Senhor Jesus
Cristo como um sacrifício para pagar os pecados da humanidade separada de Deus.
Permitam-me mais uma vez citar o Dr. Wiley em relação aos fundamentos bíblicos
da Expiação (destacaremos os aspectos mais relevantes). Primeiramente, ele diz que
o motivo da Expiação foi o amor de Deus. Deus nos amou que enviou Seu Único
Filho para morrer em nosso lugar (Jo 3.16; Rm 5.8; I Jo 4.9). Em segundo lugar,
a morte de Cristo foi um sacrifício vicário. Diversas passagens bíblicas
demonstram que Jesus morreu pelos seres humanos; neste sentido, vemos a conexão
a morte de Cristo com o castigo que todos os pecadores mereciam (Jo 11.50; Rm
5.6,8; II Co 5.14-15,21; Gl 1.4).[3]
Esse é o primeiro tema que não devemos esquecer
em nenhum momento: Jesus Cristo morreu na cruz do Calvário em nosso lugar para
redimir os nossos pecados; Ele pagou todas as dívidas que tínhamos, nos
justificou, nos regenerou, nos adotou e santificou! Aleluia! Sua obra foi plena
e completa! Não sendo necessário acrescentar nada mais! Precisamos testemunhar,
ensinar e pregar a respeito dessa verdade!
Mas, não podemos esquecer a Ressurreição do Senhor. Os teólogos são praticamente unânimes em dizer que a Ressurreição de Jesus é a pedra fundamental da fé cristã, afinal de contas, um Cristo vencido pela morte como poderia salvar os outros? Como diz o apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios em sua primeira carta: vã seria nossa fé, e vá seria nossa pregação.
Norman Geisler diz que a Ressurreição corporal
de Cristo é a prova cabal de que Jesus era quem afirmava ser (Ele era Deus). Além
disso, a Ressurreição do Senhor em um corpo carnal é de tamanha importância
para a fé cristã que o Novo Testamento insiste em que ninguém pode ser salvo
sem ela (Rm 10.9; I Co 15.1-7).[4]
Não à toa que essa é uma das principais
doutrinas combatidas ao longo dos séculos. Desde o momento histórico da
Ressurreição, que essa doutrina vem sendo negada em várias frentes. Alguns chegaram
a declarar que Jesus não tinha morrido, mas desmaiado. Outros asseguram que o
corpo do Senhor foi roubado por seus discípulos, que posteriormente divulgaram
uma notícia falsa sobre sua Ressurreição.
Nossa preocupação aqui não é combater as
teorias contra a Ressurreição. Os apologetas fazem isso com muita eficácia. Mas,
enfatizarmos essa linda doutrina bíblica: Jesus Cristo ressuscitou dos mortos e
está Vivo! E voltará!
Geisler lista as evidências diretas e indiretas
da Ressurreição do Senhor. Vejamos as diretas (tem a ver com as aparições): a)
a Maria Madalena (Jo 20.10-18); b) às mulheres (Mt 28.1-10); c) a Pedro (I Co
15.5; Jo 20.3-9); d) aos discípulos no caminho de Emaús (Mc 16.12; Lc
23.13-35); e) aos dez (Lc 24.36-49; Jo 20.19-23); f) aos onze (Jo 20.24-31); g)
aos sete (Jo 21); h) aos apóstolos na Grande Comissão (Mt 28.16-20); i) aos
quinhentos (I Co 15.6); j) a Tiago (I Co 15.7); l) a Paulo (At 9.1-9; I Co
15.8). As evidências indiretas: a) os discípulos transformados; b) a existência
da Igreja Primitiva; c) o crescimento do cristianismo.[5]
Meditando sobre a Páscoa, lembramos de um antigo
artigo que lemos muitos anos atrás na revista Arauto da Santidade. Nele, o
articulista dizia que um pregador, numa sexta-feira da paixão, falava sobre todo
o sofrimento que o Senhor Jesus passou desde sua prisão até a sua morte dolorosa
na cruz, mas, sempre intercalava as partes do sermão dizendo: “mas o domingo
chegará”, “mas o domingo chegará”. O domingo chegou! Aleluia! A morte não pôde
segurar nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo! Ele venceu na cruz! Ele venceu a
morte! A Ressurreição do Senhor Jesus enche nosso coração de Esperança, pois um
dia sabemos que ressuscitaremos também. Mas, também enche nossos corações de
Esperança agora ao passarmos por lutas e provações, pois, o Senhor ressurreto
está conosco! Isso é fato!
A Páscoa não fala sobre um insurgente, um
revolucionário que se levantou contra os poderes instituídos, morrendo por uma
causa sociopolítica, como alguns ensinam em nossos dias. A Páscoa fala de Deus
enviando Seu Único Filho, Homem-Deus, como fruto de Seu imensurável amor, para
morrer em nosso lugar, e ressuscitar com poder ao terceiro dia! Aleluia!!
Bem, essa história não terminou. Não estou
dando spoiler, pois todos sabemos que Ele voltará!!
Vem aí, cenas do próximo capítulo.
[1]
WILEY, H. Orton. Teología Cristiana. Tomo 2. Lenexa, Kansas (EUA): Casa
Nazarena de Publicaciones, 2013, pgs.208-213;
[2]
MCGRATH, Alister. Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica: Uma introdução
à Teologia Cristã. São Paulo: Shedd Publicações, 2005;
[3]
Op. Cit., 215-218;
[4]
GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética: respostas aos críticos da fé
cristã. São Paulo: Editora Vida, 2002, p. 754;
[5]
Idem, p. 754-758.
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