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segunda-feira, 24 de abril de 2023

 A MISSÃO DO CONSOLADOR

JOÃO 14 - 16

 

A Igreja do Nazareno Sul-americana está envolvida numa Campanha de 40 dias de Oração por avivamento. São milhares de nazarenos orando para que Deus possa derramar o Seu Espírito sobre suas vidas. Creio que Deus trará um novo tempo para nossa denominação, Igrejas Locais e os crentes em geral.

Estamos aproveitando não apenas para orar neste período, mas também para pregar e ensinar a respeito da Pessoa e Obra do Espírito Santo de Deus em nossas programações da Igreja Local. Neste devocional, compartilho em forma de texto a pregação deste último domingo, que teve por título: A Missão do Consolador, tendo como base os capítulos 14 e 16 do evangelho de João.

Francis Chan, num excepcional livro sobre o Espírito Santo (O Deus Esquecido), diz o seguinte na introdução do livro: "Se eu fosse satanás e meu objetivo final fosse frustrar os propósitos de Deus e seu Reino, uma das minhas principais estratégias seria levar os frequentadores de igrejas a ignorar o Espírito Santo".[1] O livro de Chan foi escrito com o alvo de ensinar o povo cristão acerca da Pessoa e da Obra do Espírito Santo. Minha visão pastoral é que a Igreja pouco conhece a respeito do Espírito Santo, e, devido a isso, está muito aquém daquilo que pode viver e fazer no Reino de Deus. É importante que entendamos que sem esse conhecimento e vivência na dependência do Espírito Santo, não ocorrerá verdadeiros avivamentos, não haverá santidade, nem maturidade, serviço e crescimento espiritual.

Os capítulos 14 e 16 do Evangelho de João nos trazem vários ensinamentos sobre o Espírito Santo, e desejamos compartilhá-los com todos.

Em primeiro lugar, vemos que o Espírito Santo é enviado por Deus e estará para sempre conosco (14.16). Jesus diz: "E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador. Interessante é que no verso 26, Jesus diz que o Espírito é enviado por Deus em nome de Cristo, e em João 16.7, Jesus diz que Ele mesmo enviará o Espírito. É importante que entendamos que não há contradição no texto sagrado; pelo contrário, eles se complementam, e mostram a profunda conexão que existe entre o Pai e o Filho. O que está claro no texto é que o Espírito não vem por nossa vontade, e que nenhum Pastor ou líder pode conceder o Espírito Santo; essa é uma Obra de Deus! Isso não impede que possamos orar para que Deus derrame seu Espírito sobre a Igreja, mas devemos estar conscientes que somente Deus pode enviar o Espírito Santo. Isso ocorreu no Pentecostes (Atos 2), na Casa de Cornélio (Atos 10) e em Éfeso (Atos 19), e creio que continua sendo derramado em nossos dias sobre os crentes, em todos os locais. Onde tiver um coração contrito, quebrantado, consagrado, cheio de fé e desejoso de avivamento, Deus derramará Seu Espírito.

Mas, o texto também nos diz que Ele seria enviado para estar para sempre conosco: "...a fim de que esteja para sempre com vocês"(14.16). Neste sentido, gostaria de ressaltar algumas verdades: a) o ambiente que Jesus Cristo está falando é de apreensão, temor, ansiedade e angústia (vide 14.1 e 16.1-4). Jesus tinha falado que voltaria para o Pai, que não estaria mais visivelmente com seus discípulos, e isso trouxe temor e angústia para eles; b) Diante disso, Jesus clamaria, e o Pai enviaria o 'Consolador'. A palavra aqui é 'parakletos', que pode ser traduzida também como 'Ajudador', 'Advogado', cujo significado é 'alguém enviado para estar ao lado'; também pode ser traduzida como 'Encorajador' e 'Auxiliador'. Em face disso, Jesus garante que seus discípulos não estariam órfãos (14.8); c) Jesus diz que o Espírito Santo sempre estaria conosco, e que ele habitaria em cada um de nós (14.17).

Essas são verdades extraordinárias para todos nós que somos discípulos do Senhor. O Espírito Santo sempre estará conosco, em todos os momentos, nos fortalecendo, encorajando, dando-nos forças para continuar e vencer medos e angústias. O Espírito Santo é Deus habitando em nós!

Em segundo lugar, Jesus diz que o Espírito Santo nos ensinará todas as coisas e nos fará lembrar dos ensinos de Jesus (14.26). Alguns estudiosos dizem que Jesus estava falando com aquela primeira geração de crentes, contudo, outros estudiosos da literatura joanina dizem que Jesus estava se reportando aos discípulos de todas as épocas e gerações; é assim que creio. O Espírito Santo, enviado pelo Pai em nome do Filho, ensinará aos discípulos todas as coisas e trará à memória deles tudo o que eles aprenderam de Jesus. Nas horas mais graves, quando o adversário nos cercar, o Espírito Santo trará as palavras certas, nas horas certas. Barclay diz algo interessante acerca disso: “O espírito Santo nos manterá no bom caminho no que se refere à conduta. Quase todos nós temos uma experiência reiterada na vida. Quando nos sentimos tentados a fazer algo mau, quando estamos a ponto de levá-lo a cabo, apresenta-se em nossa mente a frase de jesus, o versículo do salmo, a imagem de jesus, as palavras de alguém para com quem sentimos admiração e carinho, os ensinos que recebemos durante a juventude. No momento de perigo estas coisas passam por nossa mente sem que as tenhamos convocado. Esta é a obra do espírito santo. No momento de prova, o espírito santo apresenta em nossa memória aquilo que jamais deveríamos ter esquecido”.[2]

Em terceiro lugar, Jesus Cristo mostra que o Espírito Santo é o poderoso convencedor do mundo (16.7-11). Jesus tira o foco dos seus discípulos e agora foca no mundo. Embora a gente cite esses versículos com frequência, eles não são de fácil interpretação. Minha intenção aqui não é fazer uma interpretação aprofundada do texto, mas trazer um resumo daquilo que é o pensamento mais comum entre os estudiosos. Uma coisa é muito clara no texto: o Espírito Santo também tem uma missão em relação ao mundo. Em primeiro lugar, Ele convencerá o mundo do pecado (16.8-9). O mundo caído não crê em Jesus, é um mundo incrédulo. Assim, o Espírito Santo dá testemunho de que o Jesus que foi rejeitado, condenado e morto pelo mundo, foi recompensado e exaltado. O Espírito Santo convencerá as pessoas de que a incredulidade é um vergonhoso pecado. Em segundo lugar, O Espírito Santo convencerá o mundo da justiça (16.8,11). O sentido aqui é puramente teológico e legal. A justiça de Deus foi plenamente manifestada ao mundo no sacrifício de Cristo na Cruz do Calvário. Ao se tornar nosso substituo e morrer em nosso lugar, Jesus cumpriu cabalmente todas as demandas da Lei e satisfez todos os reclames da justiça de Deus. O Espírito Santo vem ao mundo convencê-lo dessa verdade gloriosa. Em terceiro lugar, Ele convencerá o mundo do juízo (16.8,11). A vitória de Cristo na Cruz, ressuscitando dos mortos e ascendendo ao céu representam o julgamento legal e derrota do diabo. Jesus triunfou sobre o diabo na cruz, despojou-o, venceu-o (Cl 2.13-15). Cada vez que Cristo é proclamado na pregação, sob o poder do Espírito Santo, satanás sofre mais uma perda, e cada alma salva é nova prova de que o diabo é um perdedor. Jesus Cristo é o grande vencedor, e o Espírito Santo testifica isso! Isso é importante para nós para compreendermos que a obra de convencimento é feita pelo poder do Espírito Santo; não depende de nossa retórica, de nossa capacidade intelectual, de nossas aptidões; quem convence é o Espírito Santo de Deus. Cada dia que passa me preocupo ainda mais com o que a Igreja contemporânea tem feito, criando métodos e estratégias meramente humanas para 'convencer' os pecadores. Somente o Espírito Santo tem o poder para convencer o incrédulo, iluminar sua mente, aquecer seu coração, revelar o plano de redenção de Deus!

Finalmente, em quarto lugar, o Espírito Santo nos guia por toda a verdade e glorifica ao Filho (16.13-14). Jesus Cristo se volta novamente para seus discípulos. Jesus já tinha dito que o Espírito Santo era o 'Espírito da Verdade' (14.16); Jesus Cristo tinha se declarado como a Verdade (14.6), e diz que a Palavra é Verdade (17.17). O Espírito Santo nos ensina aquilo que está alinhado com Jesus e com a Palavra de Deus. A palavra 'guiar' significa literalmente 'mostrar o caminho', 'guiar ao longo do caminho'. É preciso que entendamos algo muito importante: nesta jornada de fé, não estamos sozinhos, o Espírito nos guia; Ele nos mostrará a Verdade que é Jesus, nos guiará no caminho com Ele, nos guiará pela verdade revelada na Palavra de Deus!



[1] CHAN, Francis; YANKOSKI, Danae. O Deus Esquecido. Tradução de Omar de Souza. São Paulo: Mundo Cristão, 2013. E-book Kindle. Posição 80.

[2] BARCLAY, William. João. IN: O Novo Testamento comentado por William Barclay. Tradução de Carlos Biagini. Sem Editora. S/D. p. 460.

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